domingo, 4 de janeiro de 2015

Filho do Sistema

Tenha pena de mim, seu moço
Sou mocinho na imprensa, sim
Não preciso pagar imposto
A rua chamei de lar

Faço um ganho, um dinheiro
Das maneiras que aprendi
Ignoro seu preconceito
Meu trabalho é esse aqui

Tenho malícia, tenho coragem
Não me entrego, atividade
Sou correria, sou malandragem
Sou a escória da sociedade

Já matei, já roubei
Estuprei, me escondi
Já fugi da polícia mil vezes
Outras mil eu vou fugir

Direitos humanos
Racismo por não ser branco
Concorde com a mídia
Amanhã, você é minha vítima

Por favor não se vingue, seu moço
Não me prenda no poste assim
Sou filho do sistema Brasil
Tenha pena de mim.

Bela solidão

Me dói assim
Lembrar ó Flor
Do tempo que
Marcou nós dois
Mas que enfim passou
Levando o amor
Que sempre nos prendeu

Você se foi
Não disse adeus
Não atendeu
Nem retornou
E tudo que restou
Foi o rancor
De nunca ouvir adeus

O sentimento
Adormeceu
A solidão
Se instaurou
O amor se esqueceu
Não tem valor
No mundo que sobrou

E agora estou
Nos sonhos seus
No coração
Que desbotou
Você está no meu
Guardando a dor
De nunca ouvir adeus.

Tic Tac

Tic Tac
Tic Tac
O Gancho tem medo
Dum relógio de araque

Tem medo não
Tem medo não
O Gancho tem medo
Do tempo que corre

Em disparada
Quem dera ser na contramão
Podia ao menos esperar
A sorte enfim me encontrar

Tic Tac
O tempo aflige o Capitão
Tic Tac
Bate o relógio sem parar.

Saudosa Ilha

Sabe aquela viagem
Que você se perde
Na obra perfeita
Pintura mais leve
Que a mãe natureza
Pintou pra você
E percebe que a felicidade
Está em coisas bem simples
Momentos de paz
Um beijo, um sorriso
Um riso a mais
Sentir a brisa, continuar
A trilha que começou
Chegando enfim ao mar
Vou recomeçar tudo outra vez
Só pra olhar o pôr do sol
E ver vocês meus amigos
Ao meu redor
Longe da cidade
Encontro paz
Serenidade para pensar
Em Ilha Grande
Quero morar
Sei que um dia
Eu vou voltar
Enquanto isso
Vou buscar o sol
Rir da sociedade
Jogar meu futebol.

quarta-feira, 28 de maio de 2014

Verde-azulado

Andava
Com um ar de menina, andava
Pensava
Que a água do mar tinha cor
Falava
Com a linguinha presa, falava
Tirava
De cada jardim uma flor
Beijava
Uma carta, uma foto, beijava
Mostrava
A beleza de rir em se expor
Brincava
Com a cor do cabelo, brincava
Sonhava
Com minha voz, meu olhar, meu amor.

domingo, 25 de maio de 2014

Overdose de Pão e Circo

Sempre sonhei com isso
Um Brasil unido
Um país marchando
Pelo bem da nação

Um povo mais assíduo
Ciente dos problemas
Lutando por direitos
Saúde, educação

Mas os governantes
Ricos, poderosos
Ainda se escondem
Chupam nosso sangue

Colocam o dinheiro
Em contas na Suíça
Transformam os hospitais
Em centros de animais

Redobre a segurança
Você que procurou
Não saia mais de casa
O gigante acordou

Saiam para as ruas
Está na televisão
O circo foi formado
Vai comprar o pão!

Indivíduo

Lá vai mais um
De sonho frustrado
Cabeça baixa
E coração partido

Pensava que era diferente
Queria mudar seu destino
Que desde menino
Tanto enfrentou

Corria por todos os lados
Congelando o tempo
Que há tempos
Disparou a correr

Sonhos se perderam
O cabelo imenso cortou
Seu sorriso agora é riso
O diferente se enquadrou.